segunda-feira, 27 de julho de 2015

O beijo

O beijo que eu nunca dei;
 porém, é certo, um dia darei.
Os dias e vidas terei;
ouvi-me bem. Em uma delas isso farei.

Pois, vou te encontrar, eu sei.
Prometo. Eu vou te procurar
por todo lugar que eu passar;
por todas as vidas que a vida me dará.

Sempre te trarei de volta.
O lugar? Pouco importa.
Pois somos côncavo e convexo;
viajantes do universo.

Não duvides. 
Nada impedirá, pois temos ao nosso favor 
 anjos, deuses;
e a maior força que rege o universo,
infalível amor.

O beijo que eu nunca dei,
os Céus farão ainda te dar;
 o tempo tem tempo,
o meu desejo não. Irei esta lei violar.

Pois, vou te encontrar, eu sei.
Prometo. Eu vou te procurar
por todo lugar que eu passar;
por todas as vidas que a vida me dará.

Então, volta logo.
Estais no lugar? Onde? Você não veio.
Eu sei que também é o teu anseio,
 o de, enfim, um dia podermos nos beijar.

De: Socorro Cruz da Hora Lima “ Soschlima”



quarta-feira, 22 de julho de 2015

imagem de propriedade de:Среда, 18 июля 2007

Eu e a lua

Lua!
Também tenho
 minhas fases;
as que prefiro deixar escondidas
dentro de mim.
Perdidas da minha vida!
Perdidas da vida em fim.
Tenho fases tais quais as tuas,
incompletas, e outras cheias de mim.

Os dias vão e vêm;
no espaço secreto do tempo
que a vida, arbitrária,
inventou para meu deleite.
Mas, que essas fases
fazem com que eu, simplesmente,
não aceite.

Não me encontro. Como,
desta forma, encontrar alguém?
O dia que alguém for meu,
direi, totalmente insegura:
Não é o dia de ser sua.
E, quando chegar esse dia,
os poucos que me observarem dirão:
 Oh! Mulher de lua; hora de vir à Terra.
 Eu prontamente direi: Não.

De: Socorro Cruz da Hora Lima “ Soschlima”

sábado, 18 de julho de 2015

Em algum lugar do passado


Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.


Cecília Meireles
Poetisa

quinta-feira, 16 de julho de 2015


A busca


Palmilhei, apressadamente,
cada rua de minha existência;
porém, só uma vaga lembrança me restou.
A cada batida de meu coração,
que era perfeitamente compassado...
... Como pulsar de chumbo, de certo o sentiriam.
Com voracidade, cada pensamento
na escuridão maior, a me sondar...
... Modestos passos, e pouco ar.
Meus olhos se entreabriram,
ao romper da luz, já se esquivavam;
e só de a ter pensado, se carpia.
Majestosa e circunspecta,
sem emitir um som sequer; não fora indesejável,
nem um pensar maior que o tolerável.
Segui em frente, porém inerte; eu me achava,
pois, a busca incessante por minhas raízes.
Confundia minha mente exausta de mentar.
Toda uma realidade, que transcende
a minha própria imagem debuxada,
alonga os passos, para por parar. 
Esperança abriu-se em calma pura.
Quantos sentidos e intuições restaram
em mim de os ter, mas, que eu já perdera. 
Ou, nem desejaria reencontrá-los;
se em vão sempre repetimos
os mesmos roteiros. Tristes périplos.
Se ouvissem o som do meu coração,
que era perfeitamente compassado...
... Como pulsar de chumbo, de certo o sentiriam. 
E, por fim, todo meu palmilhar,
em um piscar de olhos,
sem roteiro, triste acabaria.

De: Socorro Cruz da Hora Lima “ Soschlima”

De: Socorro Cruz da Hora Lima “ Soschlima”

terça-feira, 7 de julho de 2015


Em um luar 

Lua perigosamente atraente,
corpo e face ao vento,
gritos e sussurros,
suave plumagem.

Corpo em chama,
taça de vinho à mesa,
na mente, o desejo,
quem dera que fossem
só meramente lembranças.

Desejos já floresceram,
o sol traz o calor,
que tímido fica diante
do meu abrasamento.

Descompor o tal amor
que tantos falam e
poucos sentem.
Apaixonar-me pelo improvável, vorazmente.

Sou bela como orvalho.
Porém, poucos veem o meu existir. Mas existo.
Porfiarei mesmo entorpecida
pelos encantos e desencantos.
Até o fim.

No obscuro, o fulgor da vida cheia.
Rutilo as raízes rubras,
que já não têm o mesmo rubor.

Na proximidade da morte,
a debandada de sonhos me assustam;
cabeça, braços, pernas e olhos, em luar vestida,
quase mortos, clamam por vida.
Que despudor!

       Se

 Se eu lhe chorar
 você me vem,
 você me ri até doer?
 Se eu lhe sonhar
 Você me ama
 você me leva
 pra onde quer que vá? 
 Se eu lhe cantar
 você me valsa,
 você me samba,
 vem ser meu par?
 Se eu lhe abraçar
 você me fica,
 você me mora
 até o fim?