segunda-feira, 9 de novembro de 2015



Promessa

Preciso que te acostumes
Com o tempo da gente,
Hei de conduzir-te
Em meu saber caliginoso,
Em minhas dúbias certezas
Te amarei devagar; e urgentemente.

Te dar a certeza que és, e sempre serás,
A luz de cada dia meu.
No último momento,
Refazer o que se desfez,
Recolher todo sentimento,
Desenredar outra vez.

Juro te querer,
Até o amor
Não mais nos querer unir,
Prometo ser eterno
Ou fugaz; prometo
O que quiseres, enfim.

Prometo, quando te perder
Te encontrar, onde quer que estejas.
Acaso num tempo de delicadeza,
Onde não diremos nada.
Alma a saltitar aos olhos,
Nos dará a certeza que
Faremos uma nova jornada.

Poesia de: Socorro Cruz da Hora Lima




O não


Enfim, depois de calcar
em tantos perigos,
furtar os sonhos de quem
a mim entregou a vida,
o sentido de seu existir;
novamente sento ao seu lado,
seus olhos, que contêm o olhar
de quem se melindra com facilidade,
porém sempre singular comigo,
como bicho feroz me vê.
Sabendo se mover e comover,
ela disfarça, cerra os olhos,
com a boca seca, tentando algo falar.
Está ansiosa pelo porvir. O porvir é incerto.
Com meu próprio engano,
concentrado, indo na mesma direção
que ela, delicadamente 
apenas me sonda.
Largo o fardo pesado,
que há muito eu trazia.
Como o sol que perderá a luz
em um belo e brilhante dia,
eu trazia as trevas
onde ela sempre foi luz.
Minha guia...
... Tanto para lhe falar,
tanto a pedir perdão.
Simplesmente a olho...
... E ela disse: Não.

Poesia de: Socorro Cruz da Hora Lima